Nós, os seres humanos, auto identificados como os mais elevados seres na escala da evolução, nos confessamos homo sapiens sapiens demens. É sempre bom lembrarmos essa nossa identidade de modo a compreender que a sabedoria e a demencialidade, a loucura, fazem parte do que somos. Se isso não justifica, em grande parte nos dá a possibilidade de compreender ou de aceitar o inaceitável, ou seja, a loucura que esse mesmo homem realiza durante toda vida.
Durante muitos anos, havia clareza na aceitação de que o homem era um ser político, princípio oriundo do pensamento grego do qual tanto nos orgulhamos professar, parece chic. Acontece que o conhecimento, como a vida, é algo que está sempre em movimento e por assim estar nega ou confirma hoje o que até ontem seria inquestionável.
Se o ser político fosse tão intrínseco ao ser humano daria para aceitar a demencialidade que atinge a política brasileira. No curso do pensamento tem ficado claro que o homem, mesmo sem ser um ser político, o “zoon politikon” de Aristóteles, necessita estar articulado à política o que não é exatamente a mesma coisa, mas aponta na mesma direção. Vejamos então um exemplo da demencialidade que se passa na política do País. Durante algum tempo, o atual presidente da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha representou os sonhos de todos que queriam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, sendo, por essa época, o líder das oposições, já que parece, ter o presidente do Senado feito as suas “continhas” com o Palácio do Planalto e se fazer de morto.
Possivelmente temeroso e com baixa popularidade o governo deve ter agilizado para que os “podres”, ou seja, as contas milionárias de Cunha, na Suíça, chegassem até nós com altíssima velocidade, quase na velocidade da luz, para enfraquecer o adversário impertinente, o que conseguiu.
Com o dele “na reta”, parece que o presidente da Câmara “celebrou” um acordo com o Planalto para não por o impeachment em votação, passando, assim, a ser apoiado ostensivamente pelos ministros do PT, estes seguindo, ao que se comenta, a orientação do ex-presidente Lula. À luz desse novo fato, as oposições se retraíram do presidente da Câmara e o PT se aproximou cada vez mais dele. Enquanto isso ele, mesmo sob fogo cruzado, afirma que não se afasta, nem renuncia, já que há mais de cento e sessenta confrades seus com, digamos, “o rabo preso na justiça”.
Veja-se bem aonde chegamos. Demencialidade, teu nome é política brasileira. É a falta de posição partidária e ter vínculo apenas com as conveniências particulares. Hoje, (maus) elementos do PT têm vergonha, se é que a tem, de afirmar sua posição favorável a Cunha. Parece provável que as oposições tirem o foco da presidente para colocá-lo sobre o ex-presidente e possível candidato em 2018. Parece, então, que agora é deixar Dilma “sofrendo no vale de lágrimas”, mas permanecendo presidente. Ela, que tem emagrecido a população brasileira com a ausência de uma política séria, está dando, no corpo, o exemplo, já que, as carnes que dispunha, voaram e o que se vê é só o “bagaço da laranja”. Por outro lado, na conveniência, parece que as oposições aceitam, se Cunha propuser o impeachment e renunciar à presidência da Câmara, salvar o seu mandato. Demência vergonhosa!
Enquanto os que estão no poder lutam para esconder e descobrir contas milionárias no exterior, o sofrido povo brasileiro sofre na pele, no bolso e no estômago, os efeitos de um profundo desgoverno como “nunca visto antes neste país”, uma inflação altíssima, inédita desde a implantação do Plano Real e uma violência assustadora que o põe em pé de guerra contra bandidos e polícia.
Apenas para configurar melhor a imensa demencialidade, da política brasileira, um dos muitos detentores de milhões na Suíça, diz que não é o seu dono, ele é apenas o usufrutuário. Talvez coubesse agora ao governo do PT, especialista em criar bolsas, criar a “Bolsa usufrutuário” ou “Bolsa usufurtuário”. Muitos brasileiros certamente iriam reivindicá-la, já que o achado não é roubado.
Mateus Neto
Procurador Federal e doutor em Educação
Procurador Federal e doutor em Educação
Fonte: Jornal Pequeno
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