terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Papa abre a Porta Santa da basílica de São Pedro para inaugurar o Jubileu

Com o ato simbólico, Francisco faz um apelo à Igreja para que se "abra ao mundo"


O papa Francisco pediu nesta terça-feira (8/12) à Igreja uma abertura ao mundo durante a missa de inauguração, na praça de São Pedro, do Jubileu da Misericórdia e do Perdão, momento culminante de seu pontificado. Ao fim da missa, o pontífice abriu de forma solene e falando em italiano - e não em latim, como é tradição - a Porta Santa da basílica, que permanece fechada todo o ano.

A cerimônia teve a presença do papa emérito Bento XVI, de 88 anos. Esta foi a primeira vez na história que dois pontífices inauguraram um jubileu. A cerimônia, na presença de 70 mil pessoas, entre elas o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi e o presidente da República, Sergio Matarrella, assim como representantes diplomáticos de todo o mundo, foi exibida ao vivo pela TV em muitos países.

Osservatore Romano /AFP Photo


O primeiro jubileu da era Francisco foi marcado por imponentes medidas de segurança ao redor do Vaticano e na área histórica de Roma, adotadas depois dos atentados de Paris em 13 de novembro que mataram 130 pessoas. O papa, de 78 anos, com o rosto sério e um pouco cansado, celebrou a missa em um altar instalado diante da esplanada e para centenas de cardeais, bispos e padres, além de fiéis. "Hoje, atravessando a Porta Santa queremos também recordar outra porta que, há 50 anos, os padres do Concílio Vaticano II abriram para o mundo (...). Foi um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens de nosso tempo", disse.

Para o papa foi "um impulso missionário" para que a Igreja "volte a tomar o caminho para ir ao encontro de cada homem ali onde vive: em sua cidade, em sua casa, no trabalho". Francisco convidou a Igreja a recuperar o "espírito do samaritano", para sair a proclamar a alegria do amor ao mundo, o perdão e a reconciliação.

Uma longa procissão de cardeais, bispos, padres, religiosos e laicos atravessou em seguida a porta, seguindo para o túmulo de Pedro, o fundador da Igreja. O papa recordou que as pessoas que atravessam a Porta Santa durante o ano do jubileu recebem o perdão dos pecados e a indulgência plena.

Às 19H00 locais (16H00 de Brasília) serão projetadas sobre a fachada e a cúpula da basílica de São Pedro uma série de fotografias em defesa do homem e da natureza. Com o espetáculo inédito, o papa argentino também deseja fazer um apelo ao mundo por um compromisso na luta contra o aquecimento global, no momento em que acontece a conferência mundial sobre o clima em Paris. Salvar a terra é salvar os pobres, afirma com frequência o pontífice.

Ano Santo "extraordinário"
O primeiro Ano Santo de Francisco acontece 15 anos depois do jubileu do ano 2000 convocado por João Paulo II e tem um caráter "extraordinário", ao contrário do "ordinário", que é organizado a cada 25 anos. Pelo menos 21 atos foram programados com as famílias, os jovens, os diáconos, os padres, os enfermos e deficientes, os catequistas, os presos, entre outros grupos. 

Alberto Pizzoli /AFP Photo


O papa Francisco pretende cumprir uma série de visitas privadas para mostrar com fatos concretos a solidariedade com os pobres e esquecidos. Francisco enviou uma mensagem particular às mulheres com o anúncio em setembro de que autorizava os padres a perdoar as mulheres que abortaram durante o ano jubilar.

Roma se preparou para a chegada de milhares de peregrinos e mobilizou 3.000 agentes e militares em pontos chaves da cidade. Também instalou detectores de metais na entrada na esplanada de São Pedro. O momento representa um verdadeiro desafio para as autoridades italianas, que se preparam para enfrentar o "primeiro Jubileu no período da organização Estado Islâmico (EI)". No dia 13 de dezembro, pela primeira vez na história, as portas santas de todas as catedrais do mundo serão abertas.

Fonte: Correio Braziliense

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